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Saúde da Paraíba realiza programação inédita do Novembro Negro com foco em equidade

publicado: 30/11/2025 14h53, última modificação: 30/11/2025 14h53
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O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB), realizou, na última sexta-feira (28), na Área de Convivência da sede Secretaria, em João Pessoa, uma programação institucional inédita alusiva ao Novembro Negro, que integra as ações do projeto Meu Trabalho Me Faz Bem, desenvolvido pelo Núcleo de Gestão do Trabalho. A atividade teve como objetivo reforçar a promoção da equidade racial, estimular a reflexão sobre o racismo como determinante social da saúde e fortalecer o cuidado integral dentro da instituição.

A ação contou com a realização da Feira Preta Dudu Ite Adajo Aworan PB, reunindo expositores e fortalecendo o empreendedorismo da população negra, além de apresentações culturais, oficina de turbantes, intervenções de capoeira e distribuição de materiais educativos. As atividades proporcionaram um ambiente de acolhimento, troca de saberes e valorização da identidade.

Durante a abertura do evento, a chefe do Núcleo de Promoção à Saúde da SES, Adélia Gomes, destacou que a realização da programação marca um avanço institucional na consolidação da pauta da equidade racial. “Quando a SES assume essa pauta como política pública, reconhece que o racismo é um determinante social da saúde e reforça seu compromisso com um SUS mais justo e inclusivo. Fortalecemos ações que já existem e ampliamos o olhar para um cuidado que considere as desigualdades e respeite as singularidades da população”, afirmou.

As atividades culturais também reforçaram a relação entre saúde, identidade e pertencimento, com o projeto Vidas Negras, que levou ao público apresentações de samba de gafieira e de mestre-sala e porta-bandeira, além de intervenções do Grupo de Capoeira Badauê durante a feira. As manifestações artísticas foram inseridas como parte da estratégia de valorização simbólica e fortalecimento da identidade como dimensão fundamental da promoção da saúde.

Para os servidores da Secretaria, a programação representou também um espaço de reconhecimento, pertencimento e fortalecimento coletivo. A nutricionista Evla Bertoldo, da Área Técnica de Alimentação e Nutrição da SES, destacou o impacto emocional e simbólico da iniciativa. “Participar desse momento foi extremamente significativo pra mim. Poder vivenciar e celebrar o protagonismo negro dentro da própria SES reforça o quanto esses movimentos são necessários e fortalecedores. Ainda temos muito a caminhar quando falamos de racismo estrutural, mas iniciativas como essa nos lembram da importância de seguirmos firmes e de nos sentirmos pertencentes. Esse tipo de ação aproxima as pessoas e cria um ambiente muito mais humano e conectado. Fico feliz por ver a SES valorizando ações que inspiram e transformam”, destacou.

A programação do Novembro Negro dialoga com uma agenda mais ampla do Governo da Paraíba voltada à promoção da equidade racial. Entre as iniciativas em andamento, está o envio à Assembleia Legislativa da Paraíba da proposta que regulamenta a reserva de vagas para pessoas negras em concursos públicos estaduais, ampliando o acesso e a representatividade nos espaços institucionais.

A Paraíba também integra o Plano Nacional Juventude Negra Viva, política que promove direitos, amplia oportunidades e busca reduzir a vulnerabilidade de jovens negros e negras. O Estado está ainda em processo de formalização da adesão ao Plano Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro, com foco na proteção às comunidades de matriz africana e na valorização das tradições afro-brasileiras.

Em parceria com a Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, seguem em execução ações afirmativas nas áreas da educação e da inovação, ampliando o protagonismo da população negra nas universidades e nos centros de pesquisa.

A coordenadora da Marcha da Negritude Unificada, integrante do Movimento de Mulheres Negras e do Observatório Paraibano Antirracista, Marli Soares, reforçou que discutir a saúde da população negra exige ampliar o olhar para além de doenças específicas e compreender o impacto do racismo na vida cotidiana. “A saúde da população negra não se resume a uma doença. Envolve saúde mental, acesso a serviços e a forma como somos tratados. Trazer esse debate para dentro da Secretaria é fundamental. A cultura também é cuidado, também é cura”, destacou.

Segundo Marli, o maior desafio é garantir que a pauta avance de forma estrutural nas políticas públicas. “O racismo é estrutural, então não se muda apenas com ações pontuais. O que esperamos é que a política pública avance e que a equidade seja, de fato, vivida todos os dias dentro do SUS”, completou.

Do ponto de vista legal, a população negra é definida como o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entendimento previsto no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010).

A iniciativa reafirma o compromisso do Governo da Paraíba com uma política de saúde integral, antirracista e humanizada, consolidando a SES-PB como espaço de diálogo, inclusão e construção coletiva de soluções que respeitam as diversidades e promovem igualdade de acesso aos serviços de saúde.